Trilhas da imigração 200 anos: uma jornada musical
Um veleiro e uma viagem praticamente sem volta. Quatro meses de viagem, e o destino de 39 imigrantes alemães se fez a partir da Feitoria do Linho Cânhamo, São Leopoldo. O que hoje seriam 20 dias de navio, ou 12 horas de avião, foram intermináveis dias de incertezas. Das promessas contidas nos panfletos que circulavam na região portuária de Hamburgo, na Alemanha, à realidade que se impôs na chegada, o assentamento sem qualquer estrutura e a dura rotina de sobrevivência, só não foi pior porque aqui já habitavam indígenas, portugueses, e negros escravizados, o que permitia subentender que seria possível adaptar-se à região. Tanto foi possível, que desenvolveram conjuntamente toda uma região, e abriram caminho para outras tantas levas de imigrantes alemães e, mais tarde italianos, e muitos outros, como poloneses, ucranianos, japoneses, e mais recentemente, haitianos, sírios e venezuelanos.
De uma Alemanha empobrecida, que com a industrialização já não absorvia o excesso de mão de obra, com poucas terras e assolada pela fome, sem perspectivas, a emigração representou a esperança, uma promessa de fartura no Brasil. Ao som da 5ª Sinfonia de Beethoven, também conhecida como a Sinfonia do Destino, se dá a partida rumo ao desconhecido. A chegada não foi exatamente como o esperado. A ajuda prometida não se confirmou, mas o trabalho, esse sim, veio em dobro, e junto com ele a utopia de um mundo melhor. Na trilha, devaneios entre as memórias musicais e sonoras, e os encontros com novas sonoridades.
A Orquestra Eintracht, de Campo Bom, faz sua homenagem ao Bicentenário da Imigração Alemã no Brasil, por meio da música. Uma trilha sonora que revela momentos marcantes de uma jornada. O evento será neste sábado, dia 28, na Rua Coberta, com apresentação às 14h30 e às 19h. A entrada é franca, e a classificação é livre para todos os públicos. É sugerido que quem vier traga uma caixa de leite para doação, que será encaminhado pelos organizadores ao CRAS de Nova Petrópolis.